Redação-Laboratório completa 15 anos na cobertura dos congressos da Abraji
- Luana Copini
- 15 de jul.
- 3 min de leitura

Em 2025, o Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji completa 20 edições. De lançamento de livros a palestras, de oficinas a apresentações de estudos acadêmicos sobre jornalismo investigativo, o evento proporciona momentos únicos de aprendizados e troca de experiências. Desde 2010, a programação dos congressos é registrada por meio do trabalho da Redação-Laboratório do Projeto Repórter do Futuro, um espaço de formação e colaboração entre estudantes e jornalistas e coordenado pela OBORÉ, parceira da Abraji nesta caminhada desde a época da criação da entidade, em 2002.
O que impulsionou a criação da Abraji foi o assassinato do jornalista Tim Lopes. Em 2 de junho de 2002, Tim Lopes estava na Favela da Grota, no Complexo do Alemão, comunidade na Zona Norte do Rio de Janeiro. O jornalista trabalhava na Globo e produzia uma reportagem sobre a exploração sexual de menores nos bailes funk da Vila Cruzeiro. Tim foi sequestrado, torturado e assassinado por criminosos da região. Apenas no dia 18 de junho de 2002 que a família recebeu a confirmação de sua morte.
A Abraji se formou para descobrir novas formas de jornalismo que não colocam a segurança dos repórteres em risco. A criação da instituição visava proteger outros jornalistas que se empenhassem em fazer o trabalho sério e necessário que Tim Lopes fazia. Em 2002, Marcelo Beraba e José Roberto Toledo, com o apoio da Universidade do Texas, fundaram a associação.
Com o surgimento de novas técnicas de investigação, o congresso se tornou cada vez mais necessário. “Isso se traduziu na forma de todo ano ter um congresso de troca de experiências, com mesas [formadas] por jornalistas experientes, tanto do Brasil quanto de fora”, explica Sergio Gomes, diretor da OBORÉ e idealizador do Projeto Repórter do Futuro, que completou 30 anos em 2024, e um dos criadores da Redação Laboratório.
Sergio Gomes conta que os caminhos da Abraji e da OBORÉ se cruzaram em 2010. Sergio queria que os alunos do Projeto Repórter do Futuro pudessem participar do evento mas o custo da inscrição era alto para os estudantes. Foi de Fernando Rodrigues, o então presidente da Abraji, a proposta de que os estudantes beneficiados com essa gratuidade fizessem a cobertura do Congresso, que chegava à sua quinta edição.
A partir daí, se criou uma Redação-Laboratório para cuidar da cobertura. “Ano a ano fomos estruturando melhor a metodologia até chegarmos a este padrão inédito de uma redação [profissional] muito grande, com todas as hierarquias”, explica Sergio. Aquela primeira participação, em 2010, contou com apenas 30 repórteres. “Todo mundo cobria duas sessões por dia. Então era bastante coisa, foi um caos super legal”, comenta o jornalista Guilherme Alpendre, à época secretário executivo da Abraji e responsável por viabilizar a parceria que já dura década e meia. Atualmente, Guilherme Alpendre é diretor de operações de Aos Fatos e conselheiro da Ajor – Associação de Jornalismo Digital e membro do Conselho da Transparência Brasil.
Em 2025, a cobertura do congresso será feita por uma equipe de mais de 130 pessoas. Guilherme afirma que “por mais que estejam acontecendo diversas coisas ao mesmo tempo, está todo mundo conversando e esse momento de conversa é tão rico, é tão importante. É uma coisa que renova as pessoas, que reenergiza. Acho que isso é um papel muito importante do Congresso da Abraji”.
Com tanta gente envolvida, é preciso muita organização. É por isso que, desde a edição de 2020, a equipe é subdividida em núcleos para cada área da cobertura. Além disso, reuniões de formação prévias ao Congresso alinham as expectativas e as responsabilidades de cada repórter para que tudo corra bem nos dias do evento.
Com o crescimento da redação, surgiu a oportunidade de ampliar o leque de parcerias dentro da Redação. Uma delas é com a Jornalismo Júnior, empresa júnior gerenciada pelos alunos de jornalismo da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP e responsável pelo núcleo de textos especiais desde 2024.
Mas a importância da Redação-Laboratório ultrapassa o Congresso. Para Sergio Gomes, “mais do que uma redação momentânea, cria-se um ambiente de cooperação e amizade. [Forma-se] um tipo de ambiente interescolar, com pessoas de diferentes faculdades [porque] combinamos que seria um lugar para quem tem empenho, para quem quer fazer mais”. Guilherme Alpendre também relata que, com o passar dos anos, “dava para ver as pessoas amadurecendo, ganhando experiência e aprimorando técnicas de se fazer uma redação instantânea”.
Toda a produção da Redação Laboratório está disponível no blog da cobertura, neste link.
Relembre o processo até aqui:
Inscrições para a Redação-laboratório do Congresso da Abraji terminam hoje!
OBORÉ e Abraji divulgam selecionados para a Redação-Laboratório Repórter do Futuro
Produção de texto é o tema do encontro de formação da Redação Laboratorial deste sábado, 14
Neste sábado tem penúltima oficina da Redação-laboratório do Repórter do Futuro




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