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Encontro inaugural do curso Correspondentes da Cidadania enfoca a Comunicação e os Direitos Humanos

O jornalista Aldo Quiroga e a jornalista Rosângela de Paula foram os convidados do encontro do sábado, 27 de maio, que deu início à primeira edição do módulo Correspondentes da Cidadania. Aldo abordou as boas práticas na cobertura em Direitos Humanos e Rosângela ressaltou a importância de eliminar entraves profissionais impostos pelo racismo.



O jornalismo como canal de empoderamento da sociedade


O jornalista Aldo Quiroga esteve com os selecionados durante a manhã do sábado, 27 de maio, e percorreu o histórico dos Direitos Humanos, desde a Revolução Francesa até meados de 1960.


“Se pautar pela constituição, ler a constituição federal e entender o que ela [constituição] diz é fundamental para o jornalista para a gente não sair falando qualquer coisa por aí”, afirmou Aldo, que é professor de Jornalismo na PUC-SP e editor-chefe do Jornal da Cultura, da TV Cultura (SP) e integra a coordenação do Projeto Repórter do Futuro e das Rodas de Conversa do Prêmio Vladimir Herzog.


Falou também de como a grande mídia faz a cobertura desta temática e citou exemplos de coberturas recentes, nas quais foram imprescindíveis responsabilidade e rigor do jornalista durante o processo de apuração.


“A gente precisa se municiar desses conhecimentos quando a gente usa este termo [Direitos Humanos]. Os Direitos Humanos estão considerados na nossa constituição, não é algo etéreo", afirmou o jornalista reforçando a necessidade de estudantes de jornalismo em aprofundar saberes sobre o tema.


Aldo falou ainda em fontes oficiais, oficiosas e independentes e a importância de cada uma delas. Apesar de reconhecer a importância da militância para a conquista de direitos, enfatizou que há diferença entre jornalismo e militância.


“O jornalismo e a nossa militância em algum momento serão confrontados, porque a nossa militância também pode cometer excessos. Eu digo que a minha militância é pelo jornalismo entendido como um canal de empoderamento da sociedade,” afirmou.


Com exemplos, Aldo tratou do papel complexo que tem o jornalista, da responsabilidade e do rigor necessários para coberturas de temas relacionados aos Direitos Humanos, além de apontar ferramentas para essa cobertura. Lembrou também da importância de ter uma agenda de contatos atualizada e nutrir boas relações com essas fontes.


Profissionais negros carregam o peso do perfeccionismo


Na conversa com a jornalista e socióloga Rosângela de Paula os estudantes tiveram a oportunidade de ouvir suas experiências no jornalismo e na assessoria de imprensa. Na ocasião, Rosângela jogou luz sobre os entraves profissionais impostos pelo racismo a muitos jornalistas negros e apresentou alguns dados relacionados ao mercado de trabalho para profissionais negros.


Segundo o mais recente “Perfil Racial da Imprensa Brasileira”, feito por Jornalistas e Cia, Portal dos Jornalistas, Instituto Corda e I’MAX, 98% dos profissionais de imprensa negros dizem enfrentar mais dificuldades durante carreira se comparado aos colegas brancos.

Segundo a jornalista, profissionais negros carregam o peso do perfeccionismo.


“Eu senti a necessidade de sempre estar me capacitando, por mais que a gente tenha o básico, nós enquanto negros, sempre temos que nos aperfeiçoar e sempre carregamos um pouco a questão do perfeccionismo”, afirmou Rosângela que completou a dizer que saúde mental é uma questão a ser levada em conta.


Ao lado do ativista Helio Santos, Rosângela teve experiência em Políticas de Ações Afirmativas, com destaque na assessoria ao Grupo de Trabalho Interministerial de Valorização da População Negra GTI Secretaria de Direitos Humanos/Ministério da Justiça, que introduziu na Agência Nacional as Ações Afirmativas com enfoque às políticas de Cotas entre 1996 e 2011. Também trabalhou na Coordenadoria de Políticas para a População Negra e Indígena da Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, em 2021.


Além da temática racial, Rosângela deu dicas para jornalistas em início de carreira. Segundo ela, o repórter precisa se adaptar rápido aos ambientes e que durante a reportagem é onde primeiro se aprende. Para ela, é preciso ter perspicácia para conseguir informações de fontes difíceis -- outra qualidade que o jornalista deve treinar.


“Eu já fiz matéria que eu cobri rebelião da Febem, e ao mesmo tempo tinha que passar na minha casa, trocar de roupa e cobrir um evento com celebridade. Você é uma camaleoa, você precisa trabalhar a versatilidade, tem que criar as oportunidades, tem que ter uma estratégia de arrancar informações daqueles que dizem ‘nada a declarar’”, ressaltou Rosângela.


O módulo Correspondentes da Cidadania foi especialmente desenhado para a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo (SMDHC-SP). É realizado pela OBORÉ e Instituto de Pesquisa e Formação em Políticas Públicas e Sociais (IPFD) no âmbito do Projeto Repórter do Futuro com apoio da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo.


O curso pretende colaborar para a promoção e reconhecimento das diversas estruturas, competências e estratégias da política municipal de Direitos Humanos e sua rede de serviços. A metodologia da sala de aula invertida, aliada ao chamado ‘jornalismo de serviço’ - braço do jornalismo guia a audiência a agir em situações cotidianas – serão pilares do módulo.


Dentre os convidados para os próximos encontros estão Soninha Francine, Secretária Municipal de Direitos Humanos e o Ouvidor Alcyr Barbin Neto


SERVIÇO


Módulo Correspondentes da Cidadania | Projeto Repórter do Futuro

  • 3/6 - Encontro com a Secretária Municipal de Direitos Humanos e Cidadania Soninha Francine | Manhã (presencial)

  • 17/6 - Encontro com Alcyr Barbin Neto, Ouvidor de Direitos Humanos | Manhã (presencial)

  • 24 de junho; 8 e 15 de julho - Encontros de apresentação e trocas de experiências, discussão de pautas e subsídios para as reportagens finais | Manhã (virtual)

Encontros temáticos em grupos: de 5 a 16 de junho, em datas e horários agendados entre coordenação e grupos de alunos (presencial). Temas: LGBTI; Pessoa Idosa; Pessoas Desaparecidas; Imigrantes; Promoção do Trabalho Decente; Criança e Adolescente; Povos Indígenas; Drogas; População em Situação de Rua; Mulheres; Juventude; Promoção da Igualdade Racial; Educação em Direitos Humanos; Participação Social; Egressos.


Reportagem final (individual ou em grupos): entrega em 15 de setembro.


Texto de Thaís Manhães.


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